
Poesias em Movimento
Sozinho
Quando cheguei a tardinha de sol poente,
Notei que a porta não estava entre-aberta.
Que a mesa não estava posta,
Que a toalha não estava estendida,
Que os lençóis não me esperavam como antes,
E que seu cheiro não pairava mais no ar.
O silêncio mórbido era a presença mais marcante,
Um nó estreitava a garganta.
Vi que sua vida
Não estava mais em minhas gavetas,
Espalhadas no meu quarto,
Lado a lado no meu leito.
Neste momento prefiro a escuridão que me cobre aos poucos,
A certeza da ida sem volta me atormenta.
Quero um mundo de morfina e anestésicos,
bálsamos para as noites em frio.
Quero um canto silencioso, de brisa que me corta a carne
Que me mostre falhas e erros.
Quero o conforto daquela serra, que ao longe da minha janela,
Me faz companhia nesses dias de gloria e dor,
Sozinha como eu.
Júnior Parriul
Abstrato
Como pode ser concreto o abstrato do meu pensamento?
- um passatempo.
Como pode ser o gosto do oposto do meu beijo?
- definido, único ou cínico.
O que me completa é ainda parte
E parte com o tempo, que teima em não me esperar.
Bom seria se os meus quereres fosses também os seus,
Talvez fosse tempo de sorrir, pelos caminhos da paixão
Pra recompor isso que agora cega, pesa, fere, e dói.
Místico de ilusão...
Abstrato como meus pensamentos mais concretos.
(Parriul)
Anais das Primaveras e Outonos
Cores do Mundo
Parriul